Fúria de Titãs

21.8.08

20.8.06

"The Notebook" my ass!!!!

Não sou necessáriamente um saudosista. Mas não há como comparar o romantismo e intensidade de outrora com a mediocridade e volubilidade de conceitos atuais. Hoje, eu, você e outros tantos milhões estabelecemos relações com validade vencida, descartáveis. "Pazer em conhece-la, meu nome é Video Cassete Sony Betamax". Francamente!!!

Vivemos em um grande hiato, onde o tempo passa rápido demais para os detalhes importantes da vida. É claro...temos que matar dois leões por dia, pagar micos, contas, hipoteca, carro, impostos, multas de radar, flanelinhas...so much to do, so little time...

Talvez por isso somos tão focados em nosso próprio inferno. Um fruto azedo da ME Genaration onde rasgamos as leis da física, impondo que até as estrelas de neutron de massa infinitamente superior ao nosso sol orbitem em torno de nosso universo pessoal e nossas particuliaridades...eu, eu ,eu. Ganham as relações fúteis e o superficialismo...perdem o almoço com a família e o passear de mãos dadas.

Recomendo cautela antes de V. reação pois estou muito longe de ser um Congregado Mariano. É de conhecimento público que minha vida foi muito mais regida pelas palavras iniciadas pela letra "L" (luxúria, libertinagem, lascívia, libidinosidade) do que pelos ensinamentos de Madre Thereza de Calcutá. Mea culpa, mea máxima culpa. Mas à medida que a órbita da Terra abraça o vácuo, todos passamos por transformações interessantes. Um processo de maturação involuntária onde o produto final pode tomar tanto as vias de um ímpar Chateau Petrus, ou um avinagrado Sangue de Boi. Metáforas vindímeas à parte, seja qual for a curva da bifurcação, sempre haverá o incomensurável, ao qual não se aplica valor ou peso: a Sabedoria.

In vino veritas, não sei ao certo se foi o consumo de jarras de Pinot Grigio ou o calor extenuante que abateu Chicago neste verão...mas algo me fez muito matutar quando vi o olhar apaixonado de um casal beirando suas 8 décadas bem vividas no Millenium Park. Eles obviamente não se conheceram pelo "Super Singles web site" ou em alguma "Ladies Drink Free Night" do Paris Hilton Club. Certamente os valores remetentes à família, o cavalheirismo e o acaso...sim o acaso... são atores principais na odisséia deste casal. Perguntei-me: Seira possivel? Seria real? Estaria eu, um titã, começando a avaliar a possibilidade? Estaria a tal sabedoria me fazendo sossegar o faixo?? Pelas barbas do profeta!!!

De imediato, recordei a história real onde um humilde universitário que, extenuado por seus 3 empregos e a complexidade exata que envolve o estudo da engenharia civil, acabou por adormecer atrás de uma pilha de livros na Blibioteca Municipal de Curitiba. Ao acordar horas mais tarde, percebeu que havia sido esquecido dentro da gigantesca edifícação. Trancafiado, resolveu telefonar para um dos apartamentos no prédio residencial em frente...quissá pela proximidade, alguem poderia prestar auxílio. A emergência não se tratava do pânico de estrar isolado no escuro, mas sim de perder o turno de garçom daquela noite, no qual defendia seus suados trocados .
A escolha foi aleatória pela lista telefônica: primeiro andar, apto 11. Disca e aguarda três toques. Do outro lado da linha, a voz de uma adolescente. Nessa hora ele engasga...não havia se preparado para explanar convicentemente a inacreditável aventura de um "estudante pedindo ajuda por estar trancado na Biblioteca Municipal" . Ela, incrédula ao ouvir o conto fabulesco passa o telefone a seu progenitor. Por sorte, o apartamento pertencia a um conceituado advogado que mesmo desconfiando se tratar de um trote, resolveu ajudar o rapaz. Influente, bastaram alguns telefonemas para mobilizar as autoridades. Livre afinal! Ainda pôde correr e levantar algum troco limpando as mesas do "Avelino's Bar e Restaurante".
No dia seguinte, ele telefona novamente, para dar uma satizfação aos bons samaritanos que o ajudaram. Desta vez o Dr. Advogado não está presente. Isso não impede que ele agradeça exaustivamente à mesma garota que atendeu o telefone na fatídica noite. Eram outros tempos...de maneira despretenciosa conversam longamente. Ele conta sua história em resumo e o que faz na cidade....ela também estudande, está noiva e tem planos definidos. Ele sabe que não convém à uma moça comprometida, de família conceituda ficar de amizades com um estudante pé rapado qualquer. Além do mais, dormindo somente 4 horas por dia, e vendendo o almoço para pagar o jantar, sua agenda e bolso não são necessáriamente flexíveis.
Entretanto, mesmo vivendo em universos totalmente diferentes, tornam-se amigos. Por 2 longos anos conversam somente por telefone até que o tal noivo sai de cena e algum tempo depois decidem se encontrar. Há tantos detalhes interessantes e hilários nesse periodo que eu aconselho que perguntem diretamente aos personagens principais. Impagável!!!....mas sem mais delongas sobre o enredo, apaixonam-se, casam-se e, aqui estou atraz do teclado. REsultado de um conto de cinema e, é claro, da fornicação de meus pais...aliás, odeio pensar nisso...prefiro a teoria do repolho.

Em verdade, são tempos soturnos, mas evidências de que compartilhar um grande amor é possivel estão por toda parte. Não necessitamos de fábulas ou de filmes ultra-meloso-romanticos para tomarmos a ação. Uma pitada de pragmatismo basta. Que me perdoe o finado Bogart, de quem sou fã incondicional, mas realmente não carece usarmos Casablanca como modelo de expectativa. Aliás, como diria um amigo meu, um rústico Texano aqui de Houston, "If a dude watch more than 5 minutes of those chick flicks, he'll grow a vagina. 'The Notebook' my ass!!!!" Mesmo com toda essa armadura, o Cowboy está perdidamente apaixonado por uma bela Panamenha, anel no dedo e gastando uma boa grana com o enxoval.

Acontece a todos os seres viventes com CPF e RG...cedo ou tarde encontraremos alguém diferente que nos faça sorrir sem motivo e viajar de olhos abertos...oxalá por decadas infindáveis. Sim...estou aberto a possibilidade. Cabe ao acaso esse mistér.

Agora peço que me dêem licença. Estou teclando de um Starbucks Coffee e uma ruiva escultural acabou se sentar na mesa ao lado nesse exato momento e, pelo sorriso que ela me desferiu, acredito ter encontrado meu grande amor! Ok, ok.... confesso que também pela boca sensualíssina (libidinosidade)....um belíssimo par de pernas à mostra (libertinagem)... uma bunda tão perfeita que não é dela (lascívia)...pelo menos por esta noite (luxúria). Amanhã quem sabe, estarei novamente aberto a possibilidade.

Mael

6.5.06

Um brinde às mulheres que dizem "sim"

Veja bem, não tenho qualquer pretensão que a avaliação sobre esta leitura seja unânime a meu favor. Entendo e aceito de bom grado as diferenças entre nós, vós, eles...bem como qualquer opinião contrária sobre credo, origem, grana, sexo, política e todas as discordâncias às minhas verdades absolutas que, obviamente, reinam acima das outras democraticamente.

Há contudo, um fator que nos equaliza. Digo, não somente eu e você, mas toda a raça humana à um só patamar, independente de sua heterogeneidade: a perpetuação atravéz do casamento.

Não malandragem! Não precisa fechar o blog e voltar para a revista Caras. Em absoluto desperdiçaria o meu ou o seu tempo discorrendo sobre o tema batidíssimo. Afinal todos nós passamos ou passaremos por esta experiência pelo menos...ahhhh never mind.

Suave para uns, tempestuoso para outros. Não há quem não se posicione sobre o assunto e seus desdobramentos. No meu caso, na qualidade de espectador desde garoto, o tédio sempre bateu à porta. Após inúmeras cerimônias regadas a bocejos, ressacas e indigestão causada pelos risóles oleosos, resolvi tirar proveito da situação.

Fato é que a união magnânima proporciona um cenário sem igual para a aplicação das malazartes. Trata-se de uma verdadeira batalha campal onde as aspirações ao amor eterno, os sorrisos cândidos e a adulação de familiares tem o poder de neutralizar as defesas das damas de ferro mais escoladas contra as palavras móles.

Confesso que sempre reagi horrorizado ao triste fim do mulhereto em casamentos após o consumo do imprestável vinho branco alemão "garrafa azul". Muitas adentram flutuando como deusas, ninfas do Tejo e horas mais tarde transformam-se em seres irreconhecíveis embaladas pelo desgraçado sambão tão peculiar em finais de festa...com maquiagem borrada, descalças com os pés encardidos e as meias finas furadas. Com os cavalheiros não é diferente. A fidalguia desaparece a medida que as gravatas tornam-se adornos de testa e o suor profusivo os iguala a criaturas saidas dos pântanos mais aterradores.

Percebam que é exatamente no comportamento das massas que reside a oportunidade. Sempre haverá alguma beldade belíssima e interessante à parte do infame cortar da gravata e jogar do bouquet. Esta por sua vez estará emocionalmente amaciada pelo cerimonial e ao mesmo tempo estupefada por ouvir e observar cenas tão hediondas como as descritas.

Foi com este foco que tormei-me um verdadeiro enxadrista no tema aplicando os ensinamentos de Sun Tzu, Pirro e Aníbal em minhas campanhas. É vero....reconheço com a cara lavada em óleo de peroba que fui um penetrão de casamentos e de suas frequentadoras. Tendo sempre a mão um bom scotch como escudo e a palavra como gládio eliminei inimigos, movimentei regimentos...impiedosamente usifruí e espoliei. À imagem dos grandes generais, instraurei um verdadeiro império dos sentidos.

Partilho agora as regras que utilizei ao longo de anos de fanfarronice:

. Adentrar e sair dos recintos de maneira natural porém impecável. Jamais tirar o paletó
. Mapeie e separe de imediato o joio do trigo: casadas, solteiras, acompanhadas, cíclopes...
. Dedique atenção máxima aos detalhes: uma mulher que não tem a capacidade de andar com elegância em salto 10 e mantê-lo nos pés geralmente têm femininidade e discrição comparáveis a um estivador nórdico.
. No caso de não conhecer sequer o porteiro da cerimônia, ter sempre um
comparsa. Um penetrão isolado é muito mais vulnerável aos olhares inquisitores de parentes abelhudos. Fato este pelo consumo contínuo de salgadinhos e por manter cosntantemente as mãos nos bolsos.
. Poupar passos elaborados de bolero ou salsa para momentos em spotlight, mesmo que para tanto seja necessário conduzir à pista a senhora saliente "maracujá de gaveta" que está lhe desferindo olhares libertinos durante a noite. Recomendo aulas na finíssima Companhia Celso Vieira de Danças de Salão, da qual fui aluno assíduo.(pode dizer a ele sobre a minha indicação)
. Evite os momentos críticos de finais de festa. Músicas de Carnaval, Pagode a Axé são campos absolutamente proibidos. Não passe o carão de ser mais um folião sebento no meio da populaça
. Entender e aplicar os ensinamentos versados no texto "O Teorema de Léo Jaime" deste humilde blog.
. Jamais subestimar o target. As mulheres não só estão anos luz à frente dos mais astutos galanteadores, como têm a capacidade de inverter os fatores rapidamente.
. A melhor das fortunas não encontra suporte em uma estrégia medíocre. Tenha certeza de ser um bom jogador de WAR e lembre-se que seu objetivo resumir-se-à a uma palavra, seja qual for o idioma: sim, oui, yes, si, aye, ja...

Espero porfim, que a cartilha sirva de inspiracão para a participação em mais e melhores casamentos e para o aperfeiçoamento das partes presentes no tabuleiro...tanto para a defesa, quanto para o ataque.

Desta forma, não poderia deixar de citar uma história registrada nos papiros descobertos por arqueólogos na ilha de Lesbos que sintetiza todas as regras acima: o conto milenar do bezerro e do touro

"Um impetuoso porém inexperiente terneiro observa rêses pastando do outro lado da cerca e desfere ao touro: "Ei velho! O paraíso está ao lado! Todas à nossa disposição! Basta pularmos a cerca e abrirmos caminho no espinhal com o peito para comermos uma delas. Vamos correndo agora e certamente poderemos tirar proveito!" O touro, impassivel, continua ruminando. Novamente o irriquieto terneiro insiste: "Mas velho!? Parece que estás morto!? Não vê que estão indo embora!? Se dermos uma carreira poderemos certamente comer uma delas!". O touro levante a cabeça e com ar de reprovação intervém: "Silêncio ò pentelho!! Não sejais impertinente além da minha tolerância. Não iremos correndo desesperadamente para nos machucar nos espinhais e somente comer uma delas. Vamos devagar, andando e no momento oportuno come-la-emos TODAS".

Mael

10.3.06

O "Teorema de Léo Jaime"

Durante a evolução da humanidade, algumas figuraças garantiram seu espaço no púlpito da posteridade. Estes expoentes nos campos da ciência, filosofia e artes desvendaram paradigmas, criaram conceitos, construiram impérios...enfim, mudaram o curso da história da queda de Constantinopla ao esguichador do bidê.

Entretanto, vez por outra os grandes mistérios do universo são revelados pelos comums, dotados apenas de bom senso e dissernimento em suas observacoes. O brilhantismo do óbvio fez-se notório em uma entrevista concedida por Léo Jaime à Playboy Magazine final da década de 80 revelando uma das máximas mais significativas sobre o comportamento do homo sapiens macho desde as poderações de Charles Darwin sobre a evolução das epécies: E=mc2

Outrossim, faço destas mal tecladas linhas, um pedido público de desculpas às mulheres pela indocilidade incontida e metodologia pouco lhana utilizada pela rapaziada em suas abordagens, proxêmica e comunicação. Datavênia senhoritas, deêm um desconto. Há explicação plausível para tal comportamento pois este é um dos principais fatores a pressionar sobre maneira o comportamento errático de tantos.

O bicho-homem de polegar opositor é por excelência e por código genético um safardana natural, especialmente nas noites de 5as, 6as e Sábados, datas universais das baladas insandecidas, da busca de novas relações interpessoais e das cantadas baratas.

É cientificamente comprovado que um turbilhão de reações químicas causadas pela testosterona, endorfina e imbecilina interferem na capacidade de julgamento e raciocínio perante o sexo oposto, dizimando galanteadores à condição de palhacinhos do cortejo, como por exemplo, na cena bárbara que presenciei em um badalado lounge de Houston: Um elemento de meia idade, identifica uma bela mulher que aprecia vagarosa, quase que sexualmente um Cosmopolitan, ao melhor estilo "Sex and the City", muito popular aqui na gringolândia. Sem que haja por parte da citada qualquer reação de reciprocidade a seu pavoneamento , eis que o sujeito aproxima-se afobado com o sorriso nº3 à face e adiciona: "Are you from Tennessee? Because you are the only '10' i see". Atônita e supresa por tamanha cafonice, a beldade não somente engasga com seu drink como também regorgita sobre o blazer Ducal do pobre diabo. Bravo!!!! Bravo!!! Cômico... se não fosse verdade.

Seria então o universo dos encontros regido por tão vil equação? Estariam as mulheres fadadas a indesejeavel corte de ruidosas ordas de trapalhões? Infelizmente sim...e não. Os detalhes são sutis, porém conclusivos e podem passar desapercebidos aos desatentos. Por gentileza, utilizem o olhar clínico na avaliação dos fatos:

Consideremos 02 espécimens solteiros, ambos bem apessoados, asseados e intelectualmente interessantes, transitando em um mesmo local nas CNTP - digo, desprovido de Axé, Baile Funk Music ou dos malditos adolescentes...para que seja garantida a veracidade do experimento. Enfim, um ambiente propício à uma interação social aceitável. O primeiro, AMOSTRA X, solicita um Dry Maritni e nao perde a oportunidade de trocar uma ou duas palavras com o barman deixando uma respeitável gorjeta. O segundo, AMOSTRA Y, bebe do gargalo de sua terceira Bud Light, pois nao se sente confortavel com as mãos vazias, que aliás apresentam um gesticular furioso. Ao mesmo tempo este, tal qual o desesperado Marujo Kowalsky operando o sonar do submarino Civil, busca frenéticamente o posicionamento de monstros, concorrentes, e alvos potenciais. Está transpirando e tem um olhar agressivo e duvidoso. O outro, AMOSTRA X, vasculha desinteressadamente o ambiente. Conversa de maneira pausada e interage normalmente com os convivas. Com um certo ar de mistério faz inclusive uso do acaso em seu favorecimento. Ao passar dos minutos, o segundo elemento, AMOSTRA Y, já apresenta uma visão distorcida após alguns shots de Tequila e Jack Daniels (L.E.M. * vide conto sobre a Síndrome do Depois) e desfere todo o seu arsenal de frases, trejeitos e perdigotos nojentos sobre a única mulher que se mostrou interessada...não gostaria de fazer uso do chauvinismo, imaginem-na como quiserem. Eu não ousaria descreve-la por horror. Ao fim do experimento, nosso espécimen mais sereno, AMOSTRA X, acaba trocando telefones e promessas de algum programa interessante para a próxima semana...vai embora solo. Triste aurora terá o outro cavalheiro, AMOSTRA Y, ao acordar na manha seguinte de ressaca e só após a descarga hormonal pereber que esta ao lado de uma mitra... que usa botas ortopédicas e um lustroso olho de vidro.

Com efeito, em todo o seu brilhantismo, o velho Albert jamais imaginaria que a libidinoside também obedeceria cegamente aos desdobramentos de E=mc2 (A estupidês é equivalente ao quadrado das masturbações contidas)...ou se preferir de maneira mais simplificada, segundo Léo Jaime: "A punheta é o melhor amigo do Homem". Ora...não faça esta feição amarela! Se alguém ainda tinha qualquer dúvida sobre o procedimento, afirmo que o mesmo faz parte da rotina obrigatória masculina na mesma proporção do consumo do cálice de vinho tinto. Hábito diario, muitas vezes elevado à alguma potência...

Por conseguinte Ladies, se por acaso a conversa estiver interessante, natural, divertida e finalmente parecer que existe vida inteligente do outro lado do barbeador, esteja certa e segura em desferir: "Tocaste uma hoje hein, garotão?"

Mael

20.2.06

A sua bênção, Vadinho.

Sempre tive interesse pelas catedras da linguagem. Parte pelo horror ao ouvir petardos como "menas" ou "mano", parte por influência de meus progenitores. Ela, mestra em letras e literatura. Ele por sua vez, dono de uma intimidade ímpar com bem-falar e escrever. De Oswald à Suassuna, de Maquiavel à Gregório de Mattos, de Balzac a Nelson Rodrigues, adotei de pronto a irreverência em minhas incursões ao folhear de páginas, fazendo jus a minha posição de rebelde da prole. No entanto, foi a película baseada em uma das obras de Jorge Amado que me abriu os olhos aos horizontes da velhacaria.

Lembro-me da primeira vez que assisti Dona Flor, quando o Wilker imortalizou a canalhice em uma daquelas cenas que ficam tatuadas na memória. Ao adrentrar em um distinto prostíbulo, Vadinho era apaludido pelas prestadoras de serviço, pelos cafifas, bêbados, farrapos...e acenava ao povo dizendo "Porreta!! Porreta!!". Venerado tal qual Juscelino na inauguração de Brasília, o anti-heroi personificou as apirações de geraçõoes de caras-de-pau, não somente pelo folclore que envolvia o personagem, mas por ter mandado uma tremenda brasa na Sonia Braga, que naquela época, era um "Croquetão"*.

Naquele momento, percebi que tinha encontrado o Graal. Sim! Seria esta uma das minhas missões nesta vida...ser ovacionado em estabelecimento semelhante, com a mesma distinção e fidalguia. Quissá, pensei eu, poderia um dia atingir a excelência de Vadinho.

Moleque de classe média paulistana, aprendi rápido que a noite de Sampa não é lugar pra amadores. Apesar de não ser chegado ao sexo trocado por papel moeda, peguei gosto pela mistura do whysky "escocês" com o amendoim e a pipoca murcha servidas nas boates. Tais iguarias finíssimas, costumam ser temperadas com uma dose excessiva de cloreto de sódio e outras substâncias que nunca identifiquei propriamente, causando um torpor de sensações incríveis no organismo. Junte a isto, a visão de corpos femininos desnudos, sinuosos e rebolantes. Cataclisma: um coquetel bombástico que geralmente expõe a faceta mais patética e vulneravel de um caboblo: a cegueira temporária causada por uma ereção massiva. Definitivamente o fluxo sanguineo desigual foi uma falha de engenharia lamentável do Criador.

Recusei-me a ser mais uma presa dentro daquelas alcovas. Optei por aprender com os erros e mancadas de outrém, posicionando-me como o gerenciador de situações extremas. Desta forma, consegui galgar níveis superiores na hierarquia prostibular, gozando da aprovação de damas, cafiolos, maitres e seguranças nervosíssimos que não mediam esforços para "acalmar" alguns clientes exaltados sobre diferentes pontos de vista em relação ao valor de consumo de bebidas ou atitutes deselegantes para com as profissionais. Um destes verdadeiros armários, policial reformado que atendia pela alcunha de "Lábios de Mel", tinha um poder de persuasão bestial. Presenciei diversos galinhos-de-briga sucumbirem a seu jugo diante da milenar arte do quebra-dedos ou do pesco-tapa de mão aberta. Um espetáculo digno das arenas romanas. Muitos no entanto, foram salvos por minha intervenção providencial, o que fez surgir de maneira descompromissada um novo personagem: Mael, o parcimonioso.

Fazia uso da psicologia no aconselhamento às beldades trazendo o sorriso e o entendimento à sua dura realidade. Utilizava também de minha formação acadêmica em Propaganda e Marketing nas sugestões de melhoria de produtos e serviços junto aos contratadores. Socializava-me com os trabalhadores(as) dos recintos, compadecendo-me quando da descrição de suas mazelas ou celebrando suas conquistas no dia-a-dia. Esta faceta nunca beirou a falsidade ou a perfídia. Trata-se de um talento natural no entendimento da natureza humana. O mesmo aplicava-se a meus pares.
Este seleto grupo de cavalheiros conhecido por "Puff Brothers"** tornou-se habituê de um dos mais tradicionais lupanares da paulicéia que, juntamente com o saudoso "La Licorne", faz parte da história boêmia da metrópole: o Executivo Bar, na R. 7 de Abril.

Colecionei amizades, histórias impagáveis e andei por caminhos tortuosos nessa empreitada, até que certa feita, ao descer a lúgubre escadaria que leva aos portais helênicos do Executivo Bar, ouvi a chamada de meu nome no sistema: "Gostariamos de agradecer a presença de nosso grande amigo Mael! Mael e amigos! Sejam bem-vindos!"

Um turbilhão de emoções encheu minh'alma naquele momento, ao mesmo tempo que diversas mancebas largavam seus afazeres e corriam em minha direção em efeito tsunami para saudar-me calorosamente, tal qual as mulheres de Athenas cantadas por Chico.

Elevei minhas memórias ao pretérito e percebi que Vadinho fora recriado em uma versão urbano-contamporânea e, triunfante, adentrei ao recinto sob uma chuva de pipocas e pétalas dizendo: "Porreta!!! Porreta!!".

Mael

* Croquetão: Gíria "prá-frentéx" utilizada nos anos 70 que identificava pessoas sexualmente desejáveis. Vide o filme "A Dama do Lotação"
** A confraria dos Puff Brothers frequentou o Executivo Bar ao longo dos anos 90 e seus segredos até hoje são guardados por um rigoroso código de silêncio.

15.2.06

Desvendando a "Síndrome do Depois"

Ao contrario da pluralidade filosofal, do eterno improvável, da memória paquidérmica e das infinitas possibilidades que envolvem o pensar e o agir da turma do genoma XX, o universo masculino é sim, extremamente singular e previsível...ousaria dizer até facilmente manipulável, como certamente minha colega co-autora pode atestar.

Com o tocar das cornucópias, resolvi abrir a caixa de pandora sobre segredos e os motivos milenares que, desde nossos mais longínquos antepassados, envolvem a indiferença masculina pós-coitum: a infame "Sindrome do Depois"

Este evento se alastra em progressão geométrica e vitima com saia justíssima milhares de homens de bem (e do mal), fadados a utilização de linguagem fática e esfarrapelas diversas após a troca de fluidos corporais. A sensação do querer não estar, sublimar se possivel...ou mesmo fazer-se de louco e correr nú pelas ruas para atenuar a dor que o aguilhão do remorso nos trás. Pela clava de Might Thor!! Fizestes esta defecagem outra vez!!???

Rogo ao mulhereto que atentem para detalhe de importância importantíssima: não se trata do sentimento desgraçado trazido pela sobriedade após o uso de LEM - Líquido Embelezador de Mulheres - Este merecidamente revela-se quando descobrimos que não nos deitamos com Gilda, mas com o Exú Caveira pulando em brasa quente. Nazareno!!!! .(Tema que será discutido em capítulo específico: "O Teorema de Léo Jaime"). Au contraire, a SD é implacável, cruel e não poupa as mais belas flores.

Minha idiotice masculina revelou-se cedo. Mais especificamente a capacidade de incorrer no mesmo erro diversas vezes...over and over....and over again. Fui rasgado pela SD antes, durante e depois. Cobaia de minha própria cobiça.

Quantas vezes andei na linha tênue dos comentários sobre o clima, cigarrinhos estratégicos apesar de não ser fumante e/ou inverossímeos compromissos de ultima hora as 3 da manhã. Quantas vezes, voluntaria e involuntáriamente, causei a dúvida, o choro, a cólera, a insegurança, enjóo, azia e má-digestão? Ferí. Nesse processo, felizes são somente os motoristas do rádio taxi fazendo a férea em bandeira 2 ao quadrado de madruga.

Certa feita, o inexplicado entendimento me bateu à cara. Acometido pela SD em uma fazenda no sul do país, encontrei-me em um estabulo tal qual um roedor, literalmetne fugindo da cama de uma mulher belissima. Sábia nutureza. Observei. Após a furiosa corte preliminar e a rápida cobertura da fêmea, o reprodutor volta-se imediatamente à pastagem...indiferente, apático...quase humano. Tracei de imediato o paralelo de como nos comportamos no Motel: abrindo uma gelada e, com o controle remoto em mãos, símbolo máximo da cretina supremacia masculina, mudamos impacientemente a transmissão de "Backdoor Sluts - 8" para um emocionante jogo de bola Seleção Junior do Equador X Serra Leoa ou mesmo um digestivo episódio do Chapolim Colorado. Aliás, aquele em que ele diz...deixa pra lá.

Com efeito, percebi que não há cura, paleativo, guizado, unguento ou poção. A fé irá falhar e mais uma beldade ficará com cara de "Sinhá Maricota!! cadê o frade??". Mas nem tudo esta perdido: há a prevenção. O intercurso sem um mínimo de cumplicidade levará ao mal. Seria a febre-do-rato ou estaria eu admitindo a necessidade ....do amor??? Admito. Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão e muito, muito mais do que o simples movimento de atrito. Afinal, diferentes dos equinos, temos a capacidade do livre arbitrio e a habilidade de tecer estratagemas, digo as mulheres...os homens via de regra, exceto pela cauda, poderiam estar no mesmo grupo quadrúpede.

Lembro-me de um loiraça que conheci patinando nas calçadas de South Beach na Flórida...usava uma camiseta apertada com uma frase distorcida pelos seios fartos, cheios de polímeros: "i have the tool, i make the rules". Vencedora será a mulher que utilizar-se-á desta premissa com sabedoria. E idolatrado, carrergado nos braços da povo, o homem que puder contar detalhes a respeito daqueles peitões. No caso, este humilde titã atraz do teclado. Muito obrigado pelos aplausos, mas não precisa ir longe Sherlock...apos a selvageria com a loira, fui abatido pela pena capital.... mais uma vez, a Síndrome do Depois...

Mael

14.2.06

Apresentaçao: Permita-me penetrar em V. leitura, dignissimos interlocutores


Pretenciosos que somos, divulgaremos aos mortais nossos pensamentos, vitorias, derrotas, as batalhas campais que concernem os encontros e desencontros da existencia terrena, dos relacionamentos, da atividade fornicativa e da canalhice light auto-sustentada. Em páginas pares e ímpares paralelas ou não em sua temporaridade, verossímeas ou não em relação a seus personagens, abusaremos dos clichês, da sua paciência e dos valores imutáveis. Sê bem-vindos. Abra uma garrafa de um bom vinho. Esta é a Fúria de Titãs.

Genesis - Para Lucila, minha visao da Co-Autora

Ausente de qualquer modéstia, minha natureza de exímeo contador de causos e servidor da palavra não me bastam nessa narrativa.

Foi há exatamente um decênio, em uma dessa situações ridículas que o tédio e o acaso nos colocam pela frente. À medida que fomos trocando as figurinhas da vida, e as risadas nos fizeram engasgar com os fermentados, destilados e alcalóides presentes em cada ocasião, percebi que a mitologia estava equivocada.

Por Zeus!! Seria possível a co-existência harmoniosa de 02 titãs em um mesmo campanário?? Reconheci de pronto a envergadura de Lucila, a "Gatinha". Entre seus diversos feitos dignos dos 12 trabalhos herculanos, realizei quantos bufões caíam dioturnamente a meu derredor e como tantos outros ja haviam se curvado e eram magistralmente titereados por ela. Estaria eu finalmente diante de meu mais formidável nêmesis??

Ao medir nossas forças, sapientes, decidimos ser desnecessária a intervenção de Perseu. De maneira subliminar, estabelecemos um pacto de "não-agressão", pois em verdade vos digo: a confluência desordenada de 02 titãs pode trazer efeitos devastadores.

Hoje tenho o dobro de minha altura pela soma com Lucila. Regozijo-me por sua capacidade de orquestração e partilho o sorriso de canto de boca a cada corpo que cai. Para ti, minha querida amiga "Gatinha", um ósculo na face...obviamente após a lambida.

Mael